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Coragem e ousadia: a história do zagueiro Diego Borges

03/01/2018 às 12:07

(Foto: Alair Constantino/DonoDoApito)

Reforço do Clube Atlético Patrocinense (CAP) para o Campeonato Mineiro, Diego Borges, de 30 anos, tem uma história curiosa no futebol. Atacante nos campeonatos amadores em São Paulo-SP, ele foi aprovado em um teste no Mogi das Cruzes Futebol, para disputar a quarta divisão do Paulista. No primeiro ano como profissional, em 2005, era reserva. Já no seu segundo ano de clube, em 2006, perdeu espaço e não tinha perspectiva nem de ser relacionado. Foi quando Diegão, como era chamado, teve uma atitude ousada que mudou o rumo de sua carreira.

O Mogi estava com salários atrasados. Na véspera da estreia, o capitão Róbson, zagueiro, abandonou o barco. Foi aí que na concentração, o jovem atacante decidiu ir ao quarto do treinador Ivan Inocêncio dizer que estava pronto para o jogo. O técnico deu de ombros, mandou o atleta voltar pro quarto dele.

Na realidade, Diegão queria apenas estar entre os relacionados, não esperava entrar jogando. Na preleção, todos imaginavam que Felipe, o zagueiro reserva, seria o titular. Mas Ivan surpreendeu, escalou Diegão na zaga. Explicou para o elenco que tinha gostado da personalidade do garoto. Mas colocou a seguinte condição: se Diegão fosse mal, poderia pegar suas coisas e ir embora.

O jogo era contra o Guarulhos. Diego Borges recorda como começou sua trajetória na defesa. “Tremendo, nunca tinha jogado de zagueiro na vida. Ganhamos de 2 a 0, um gol meu, melhor jogador em campo. Na época, davam um relógio e uma camisa social. Lembro como se fosse hoje, dei pro meu pai”.

A caminhada como zagueiro

Nos jogos seguintes do Mogi, Diegão se firmou na zaga, atuando bem e até marcando mais gols. No segundo semestre de 2006, apareceu uma oportunidade melhor no sub-20 do Rio Branco-SP. Lá treinava com o profissional e jogava o Paulistão da categoria. Seu time foi vice-campeão sub-20, perdendo para o Mogi Mirim.

Já o ano de 2007 foi de recomeço. Ele não renovou com o Rio Branco e teve que passar por um teste no ECUS Suzano. Eram cerca de 400 atletas na peneira, o único aprovado foi Diego. Só que tinha um problema: o local de treinos era distante e ficaria puxado financeiramente. Eis que surgiu o vizinho Neto Saraiva, que ofereceu ajuda e passou a levar o zagueiro aos treinamentos.

O Suzano fez boa campanha na quarta divisão do Paulista e Diego Borges teve maior visibilidade no mercado da bola. Nisso, o zagueiro construiu sua carreira com passagens por várias equipes, principalmente, no interior paulista.

Diego Borges atuando pelo Red Bull Brasil, em 2013.
(Foto: Arquivo pessoal)

Irmãos boleiros e esposa “empresária”

”Somos sete irmãos (seis homens e uma mulher), cinco jogam bola. E todos são muito bons jogadores. Eu falo que eu sou o pior dos cinco, mas o único que vingou profissionalmente. Pra você ver como são as coisas”, brinca o zagueiro.
Diego Borges não tem empresário. Ele negocia diretamente com os clubes. Atualmente, para fechar um contrato, ele conta que o papo com a esposa é fundamental.

“Minha empresária é minha esposa. Hoje nós tomamos as decisões juntos. Antes eu era cabeção, queria fazer as coisas só do meu jeito. Mas a partir do momento que comecei a dar liberdade para minha esposa, comecei compartilhar decisões com ela, as coisas fluíram para o bem, graças a Deus”.

Números no Mineiro-2017 e o desafio no CAP

No ano passado, defendendo a URT de Patos de Minas, Diego Borges conseguiu uma proeza para um zagueiro. Não tomou nenhum cartão no Campeonato Mineiro. Ele disputou 11 partidas no Estadual de 2017, e cometeu apenas sete faltas.

Para esta temporada, Diego Borges resolveu mudar de ares e acertou com o Patrocinense, que após 24 anos voltará a disputar a elite do futebol mineiro. O jogador frisa que teve boas referências da diretoria do CAP e por isso topou o desafio.

“É um novo desafio, eu gosto de arriscar. E as informações que nós obtemos em questão de honestidade (sobre a diretoria), eles são corretos no que prometem. Foi por isso que eu vim pro CAP”, ressalta o zagueiro.

Filipe Ferreira