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De acordo com levantamentos, inflação dos alimentos deve desacelerar no segundo semestre
11/08/2022 às 16:30
A inflação dos alimentos deve desacelerar no segundo semestre, puxada, principalmente, por uma redução de custos agropecuários com ração, adubos e combustível.
Contudo, o arrefecimento de preços deve ser lento e apenas em relação ao início do ano. Na comparação com o ano passado e com o período pré-pandemia, ainda está mais caro para produzir no campo, o que também tem reflexo sobre o consumidor.
Além disso, a queda do poder de compra da população continua limitando gastos e a tendência é que o brasileiro não sinta alívio no bolso.
Alívio no preço das matérias-primas
O recuo da inflação dos alimentos no segundo semestre deve ser puxado pela queda do preço do petróleo no mercado internacional, avalia a economista Gabriela Faria, do setor de análise de agropecuária na Tendências Consultoria.
“O preço do petróleo é um importante balizador dos custos agropecuários. Com menores preços de petróleo, por exemplo, os preços dos combustíveis baixam, o que, por sua vez, reduz o custo do produtor com transporte”, diz Gabriela.
A cotação do petróleo também influencia os preços dos fertilizantes (adubos), que são usados para produzir grãos, que, por sua vez, viram ração para bois e aves em criações comerciais.
Custo com fertilizante ainda é alto
O começo da guerra, no final de fevereiro, também assustou os produtores brasileiros, que dependem dos fertilizantes russos. O que se viu, no entanto, foi uma continuidade do comércio entre Brasil e a Rússia, apesar de atrasos naquele período.
Ração deve ficar mais barata
Uma maior oferta de soja e milho tende a beneficiar produtores de carne, que usam os grãos como ração para os animais.
Além disso, a avicultura e bovinocultura nacional são fortes em exportação, o que favorece o faturamento das empresas do setor, já que o dólar continua valorizado sobre o real.
Gasto em dólar e ganho em real
Diferentemente dos produtores de soja, milho e carne, os que trabalham com grãos como arroz e feijão ou hortaliças não se beneficiam do lucro gerado pela exportação.
Esses produtos são vendidos apenas para o mercado interno, de forma geral, o que faz com que os produtores importem custos em dólar e faturem em real, o que tem gerado dificuldades para fechar as contas, observa o pesquisador Mauro Osaki, da equipe de Custos Agrícolas do Cepea.
“Arroz, por exemplo, é uma cadeia que me preocupa um pouco. O preço praticado no mercado doméstico pode não cobrir o custo de produção da próxima temporada (safra). Então, pode ser que o produtor venha a reduzir o uso de adubo e, com isso, gerar uma produção menor no próximo ano”, diz.
Caso essa diminuição da colheita se confirme, a tendência é que os preços subam. Osaki não vê, no entanto, um cenário de disparada da inflação do arroz, pois acredita que o recuo na produção deve ser pequeno.
Para ele, o maior receio é, na verdade, o longo prazo, ou seja, de que o aumento de custo desestimule o plantio do cereal e de outras culturas voltadas para o consumo interno, como as verduras e os legumes.
Fonte: G1
Reportagem: Filipe Rodrigues / Difusora 95