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Foto: Reprodução.
Mais de duas mil pessoas foram resgatadas em trabalho análogo à escravidão na área rural em 2022
19/04/2023 às 16:18
No Brasil, mais de duas mil pessoas foram resgatadas de trabalho análogo à escravidão no meio rural em 2022, de acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT). Os dados fazem parte de um documento divulgado pela CPT na segunda-feira (17). Em comparação com 2021, houve um aumento de 29% no número de resgatados e de 32% na quantidade de casos registrados.
O setor sucroalcooleiro, responsável pela produção de álcool e outros derivados da cana-de-açúcar, teve o maior número de pessoas resgatadas, com 523 trabalhadores. Mais de 2 mil pessoas foram resgatadas em 2022, das quais 88% trabalhavam em condições análogas à escravidão no meio rural. Os outros 12% foram resgatados de atividades laborais nas cidades.
A lei brasileira determina que a condição de trabalho análogo à escravidão é punível por lei, e qualquer pessoa que impede o direito de ir e vir do trabalhador que esteja nessa condição também comete um crime.
Segundo o levantamento da CPT, 62% dos trabalhadores resgatados estavam trabalhando principalmente em monoculturas. Minas Gerais registrou o maior número de casos, com 62 ocorrências e 984 pessoas resgatadas. Goiás teve 17 casos e 258 pessoas resgatadas, seguido pelo Piauí com 23 casos e 180 resgatados, Rio Grande do Sul com 10 casos e 148 pessoas resgatadas, Mato Grosso do Sul com 10 casos e 116 pessoas resgatadas e São Paulo com 10 casos e 87 pessoas resgatadas.
Além disso, o ano de 2022 também foi marcado por um elevado crescimento do número de violência contra a pessoa no campo. Foram registradas 53 ocorrências que vitimaram 1.095 pessoas, um aumento de 50% em relação a 2021, quando foram registrados 368 casos com 819 vítimas.
Em 2022, também foram registradas 123 tentativas de homicídio em áreas rurais, o número mais alto dos últimos 23 anos. Além disso, outras 47 pessoas foram assassinadas no campo de 2019 a 2022, incluindo nove adolescentes e uma criança, sendo cinco delas indígenas.
Os dados revelam a gravidade da situação do trabalho escravo e da violência no campo no Brasil, e destacam a necessidade de uma ação governamental mais efetiva e de um esforço conjunto da sociedade para acabar com essas práticas.
