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Foto: Secretaria de Meio Ambiente

Morador da região do Hotel Serra Negra relata situação de incêndio na área: “uma tragédia ambiental de grandes proporções”

17/08/2021 às 18:37

Um incêndio de grandes proporções está tomando a área do antigo Hotel Serra Negra, desde a última semana e autoridades de Patrocínio estão em busca de ajuda para tentar combater as chamas.

Segundo informações do coordenador da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Patrocínio, Antônio Geraldo de Oliveira, praticamente toda a área do hotel foi consumida pelo fogo e mais da metade dos 400 hectares de áreas de reserva, que pertencem às mineradoras Mosaic e Yara, também já foram queimadas.

Vicente Arantes, morador de um sítio próximo ao Hotel Serra Negra, procurou à reportagem da Difusora 95 FM para contar o que ele pode acompanhar de perto. Segundo o mesmo, o incêndio teve início no dia 06 de agosto. “Ele começou logo na entrada do hotel e tomou a parte de cima do lado esquerdo e saiu subindo, pegou uma parte do hotel e foi até o chapadão de ferro. Depois foi colocado fogo do outro lado, onde fica o chafariz da água mineral. Dali é que o incêndio tomou grandes proporções na mata, porque até então estava só no lado da cá, queimando capim”, afirmou.

Questionado sobre a possibilidade de o incêndio ter sido causado de forma ilegal e propositalmente, Vicente disse que não pode afirmar com certeza por não ter visto. “Não posso dizer uma coisa que eu não vi e prefiro não fazer nenhum tipo de acusação. Eu sei é que o fogo pegou. Dificilmente um fogo dessa proporção é espontâneo e não acontece espontaneamente duas vezes seguidas. Então, se pegou fogo de um lado, queimou e apagou e depois pegou fogo do outro e ganhou grandes proporções, isso daí não pode ser espontâneo”, disse.

Outros moradores da região também postaram fotos do incêndio nas redes sociais, pedindo ajuda das autoridades municipais, dos bombeiros militares e de representantes das mineradoras responsáveis pelas áreas locais. “Nós estamos completamente a Deus dará e só assistindo, de longe, tudo pegar fogo e tudo queimando, macacos gritando, urubus sobrevoando e esperando bichos mortos para poder comer, então, a cena é deprimente. O fogo está completamente fora de controle. Você escuta o barulho do fogo queimando, você vê o fogo subindo, de perto, uma questão de 500 metros da minha casa, você vê o fogo pegando em altas labaredas, um negócio que não tem nem explicação, muito duro de ver”, disse Arantes, que descreveu a situação como “uma tragédia ambiental de grandes proporções.”

O comandante do 2º Pelotão do Corpo de Bombeiros, Tenente Douglas Jesus, explicou que o incêndio chegou a uma proporção impossível para a equipe combater sozinha. “A guarnição esteve lá, só que o incêndio acabou se propagando para as copas de árvores, onde, com os meios que nós temos aqui, os caminhões, bombas costais, abafadores, não é possível […] Agora o incêndio está em uma situação que só mesmo o combate com aeronave, talvez, consiga fazer frente às chamas, porque são labaredas muito altas e para contê-las tem que ser uma quantidade de água muito grande […] O que nós temos aqui é nosso caminhão com 5000 litros e em determinados locais ele consegue entrar, por exemplo em lotes dentro da cidade, mas no caso lá do Hotel Serra Negra, em determinado ponto, o incêndio entra mata adentro. É uma situação que não dá para um militar entrar para fazer o combate, também tem o risco de vida e os incêndios são em copas, então esse é um incêndio com labaredas de 10m de altura”, afirmou.

A orientação dos militares aos moradores da região é realizar um aceiro em volta de suas propriedades. Para fazer um aceiro é necessário utilizar fogo controlado na vegetação seca, numa faixa estreita de terra, que em seguida é apagado. A parte queimada funciona, então, como uma barreira natural contra incêndios. “A barreira física é o meio que a gente tem de maior eficiência para barrar o incêndio. Os meios humanos, como as viaturas que nós temos, até mesmo as aeronaves, elas são paliativas, então, a depender do tamanho do incêndio, é só mesmo uma barreira natural que consegue fazer frente”, explicou Jesus.