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‘Novembro Roxo’, mês de atenção à Prematuridade
19/11/2025 às 17:24
‘Novembro Roxo’ é o mês internacional de sensibilização à prematuridade, que pode, ocasionar eventualmente implicações ao recém-nascido, assunto que precisa ser debatido para que haja uma mudança dessa realidade. Objetivo desta campanha é conscientizar a população sobre os cuidados e prevenção do parto prematuro.
Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, cerca de 340 mil bebês nascem prematuros todo ano, equivalente a seis ocorrências a cada dez minutos. Em Mato Grosso do Sul, de acordo com dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), dos 23.991 nascidos vivos entre janeiro e outubro deste ano, 3.356 são prematuros.
A prematuridade pode ocasionar implicações ao recém-nascido, entre elas, problemas pulmonares, deficiências motoras, infecções respiratórias crônicas, doenças cardiovasculares ou diabetes e possibilidade de ter problemas de aprendizagem ou comportamentais.
Novembro Roxo, mês de conscientização sobre a prematuridade, ganha em 2025 o tema “Garanta aos prematuros começos saudáveis para futuros brilhantes”, um chamado à sociedade para fortalecer os cuidados e a rede de apoio aos bebês que chegam ao mundo antes do tempo. No Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), unidade de referência nacional em saúde materno-infantil, o mês é marcado por ações que reafirmam a importância do cuidado integral, da humanização e do trabalho em equipe.
A Unidade Neonatal da instituição é composta por leitos de Terapia Intensiva (UTI), Cuidado Intermediário Convencional (UCINCo) e Cuidado Intermediário Canguru (UCINCa), além do Ambulatório de Follow Up e do Laboratório de Função Pulmonar (este último, um diferencial para o acompanhamento da displasia pulmonar e outras patologias). Essa estrutura integrada, aliada ao acompanhamento multidisciplinar, permite o progresso contínuo do cuidado e o empoderamento das famílias.
“Procuramos manter não só a saúde dos pacientes, como também a do trabalhador. Para o sucesso do cuidado (obter bons resultados), é preciso manter o equilíbrio entre estrutura e processos. Sem o trabalho de equipe, fica muito difícil avançarmos”, destaca Suyen. A neonatologista lembra ainda que o IFF/Fiocruz atua alinhado à Estratégia QualiNEO, voltada à redução da morbimortalidade materna e neonatal, e segue os 20 Passos para o Cuidado Obstétrico e Neonatal, que orientam boas práticas em todo o país.
Humanização e vínculo: pilares do cuidado neonatal
Na prática diária, o Instituto adota diversas estratégias para fortalecer o vínculo entre os bebês prematuros e suas famílias. “Estimulamos a presença da família na Unidade Neonatal durante as 24 horas, incentivando o toque, o colo e a participação em cuidados como troca de fraldas, banho e amamentação”, explica a enfermeira Karla Pontes, também gestora da área de Atenção ao Recém-nascido do IFF/Fiocruz.
“Estabelecemos uma comunicação clara entre equipe e família, com o objetivo de reduzir a ansiedade e aumentar a confiança dos pais no cuidado com o bebê”, ressalta Karla. “Também realizamos rodas de conversa com a equipe multiprofissional e os familiares, promovendo uma troca mútua de experiências”.
A UCINCa, onde mãe e bebê permanecem juntos, e o alojamento para nutrizes são exemplos concretos do compromisso da instituição com o modelo de cuidado centrado na família, um diferencial reconhecido nacionalmente.
Pesquisa, formação e disseminação de boas práticas
Como órgão auxiliar do Ministério da Saúde (MS) desde 2010, o IFF/Fiocruz atua na formulação, coordenação e avaliação de políticas e práticas integradas para a saúde da mulher, da criança e do adolescente. Entre as contribuições ao Sistema Único de Saúde (SUS), destacam-se o Banco de Leite Humano (BLH), coordenado pela Rede Nacional de Bancos de Leite Humano (rBLH-Fiocruz) e promove a amamentação em todo o país, e o Portal de Boas Práticas, que dissemina conhecimento baseado em evidências científicas.
“A Estratégia QualiNEO, desenvolvida em parceria com o MS, formou 300 enfermeiros especialistas em Enfermagem Neonatal nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, fortalecendo a qualificação do cuidado neonatal em todo o território brasileiro”, explica Karla Pontes.
Em 2024, uma nova parceria resultou na cooperação entre a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) e o IFF/Fiocruz estabelecida em 25 hospitais universitários federais, com foco na implementação dos 20 Passos do Cuidado Obstétrico e Neonatal com o intuito de reduzir as taxas de mortalidade e aprimorar a atenção ao recém-nascido e sua família.
Prevenção e equidade: desafios permanentes
Segundo Karla Pontes, reduzir a prematuridade também exige atenção aos determinantes sociais e à ampliação do acesso ao pré-natal. “Devemos visar a prevenção através da oferta de cuidados pré-natais de qualidade, planejamento familiar, controle de doenças crônicas, vacinação e apoio social e emocional às gestantes”, reforça. “Outro ponto importante é o uso de tecnologias como aplicativos e telemedicina para melhorar o acesso, especialmente entre populações em situação de vulnerabilidade”, conclui.
Em novas diretrizes, a OMS afirma que o contato pele a pele com a mãe ou um cuidador, chamado de mãe canguru, deve começar imediatamente após o nascimento, sem separação ou período em incubadora. Esse método resulta em benefícios significativos para a saúde das mães e dos bebês prematuros que permanecem próximos.
A Gerente da Saúde da Criança e do Adolescente da Secretaria de Estado de Saúde, Cristiana Schulz, evidencia o quanto é importante alertar as famílias e toda a sociedade sobre o crescente número de partos prematuros.
“Esta é a principal causa de mortalidade infantil antes dos cinco anos de vida. Em Mato Grosso do Sul contamos com uma rede de atendimento materno-infantil que é o Projeto ‘Bem Nascer MS’, lançado em 2021 e tem um papel importantíssimo nesta causa pois vem com a proposta de melhorar este serviço de oferta às crianças e mulheres no nosso Estado”, destaca Schulz.
CLASSIFICAÇÃO
São considerados partos prematuros quando um bebê nasce antes de completar 37 semanas de gestação, segundo a OMS. Entretanto, a prematuridade é classificada de acordo com o tempo em que o bebê permanece no útero, deste modo, são considerados prematuros extremos bebês que nascem antes das 28 semanas (seis meses); muito prematuros os que nascem entre 28 e 31 semanas (sete meses) e os prematuros moderados que são aqueles que nascem entre 32 e 36 semanas de gestação (oito meses).
ORIGEM DA DATA
No dia 17 de novembro, é comemorado o Dia Mundial da Prematuridade, data escolhida pelo significado especial para um dos fundadores da EFCNI (European Foundation for the Care of Newborn Infants) que, após a morte de seus trigêmeos prematuros, tornou-se pai de uma filha nascida em 17 de novembro de 2008.
No Brasil a iniciativa nasceu em 2011 a partir de um blog de experiência de mães e profissionais com a prematuridade e suas consequências. A Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros – ONG
Prematuridade.com, é a única organização sem fins lucrativos dedicada, em âmbito nacional, à prevenção da prematuridade, à educação continuada para profissionais de saúde e à defesa de políticas públicas voltadas aos interesses das famílias de bebês prematuros.
Em Mato Grosso do Sul, o dia 17 de novembro foi incluído no calendário oficial de eventos do estado como o Dia Estadual da Prematuridade, através da Lei nº 5.102, de 04 de dezembro de 2017.
E POR QUE A COR ROXA?
O roxo simboliza sensibilidade e individualidade, características que são muito peculiares aos prematuros. O roxo também significa transmutação, ou seja, mudança, transformação.
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO/SES* e Instituto Nacional de Saúde da Mulher, Criança e Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz)
