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Os 5 hábitos diários que podem prejudicar seu pâncreas

26/11/2025 às 16:50

Hábitos cotidianos como o consumo excessivo de álcool e uma alimentação inadequada podem danificar o órgão e causar problemas graves para a saúde.

O pâncreas é essencial para a vida e a saúde. Este pequeno órgão fica atrás do estômago e tem duas funções principais: produz enzimas digestivas que decompõem os alimentos e hormônios como a insulina e o glucagon, que controlam o açúcar no sangue.

Hábitos cotidianos como o consumo excessivo de álcool e uma alimentação inadequada podem danificar o pâncreas gradualmente. Uma vez lesionado, as consequências podem ser graves e incluem inflamação, diabetes e, em alguns casos, câncer.

Diversos fatores comuns do estilo de vida podem sobrecarregar o pâncreas:

  1. Álcool

O consumo excessivo e regular de álcool é uma das principais causas de pancreatite. A pancreatite aguda causa dor abdominal intensa, náuseas e vômitos, e frequentemente requer internação hospitalar. Episódios repetidos podem evoluir para pancreatite crônica, na qual a inflamação e a formação de cicatrizes prolongadas reduzem permanentemente a função pancreática. Isso pode levar à má absorção de gorduras, vitaminas e outros nutrientes, diabetes e maior risco de câncer de pâncreas. Pesquisadores têm diversas teorias sobre como esse dano ocorre.

O álcool pode ativar enzimas digestivas como a tripsina, que normalmente atuam no intestino delgado, dentro do pâncreas, antes de chegarem ao intestino. Em vez de digerir os alimentos, essas enzimas digerem o tecido pancreático e desencadeiam uma inflamação grave.

O álcool também torna o suco pancreático mais espesso e viscoso. Esses fluidos mais espessos podem formar tampões de proteína que endurecem, transformando-se em cálculos e bloqueando pequenos

ductos. Com o tempo, isso causa irritação, cicatrizes e perda de células pancreáticas. Quando o pâncreas metaboliza o álcool, produz uma substância química tóxica chamada acetaldeído, que irrita e danifica as células, desencadeando inflamação.

O álcool também estimula a liberação de mensageiros químicos que ativam a inflamação e a mantêm ativa. Isso aumenta a probabilidade de danos aos tecidos.

As diretrizes recomendam o consumo de no máximo 14 unidades de álcool por semana. O ideal é distribuir esse consumo ao longo de vários dias e evitar o consumo excessivo em um curto período de tempo.

  1. Tabagismo

Fumar aumenta o risco de pancreatite aguda e crônica. A pancreatite aguda se desenvolve repentinamente, com dor intensa e mal-estar. A pancreatite crônica se desenvolve ao longo de muitos anos, e a inflamação repetida causa danos permanentes. Diversos estudos mostram que quanto mais uma pessoa fuma, maior o risco. Outro estudo constatou que parar de fumar reduz significativamente o risco e, após cerca de 15 anos, o risco pode se aproximar do de um não fumante.

O tabagismo também está fortemente associado ao câncer de pâncreas. Os cientistas ainda não compreendem completamente todos os mecanismos envolvidos, mas estudos laboratoriais mostram que a nicotina pode desencadear aumentos repentinos de cálcio dentro das células pancreáticas. O excesso de cálcio prejudica as células e agrava a inflamação. A fumaça do tabaco também contém substâncias cancerígenas que danificam o DNA.

Uma das primeiras alterações genéticas no câncer de pâncreas envolve um gene chamado Kras, que funciona como um interruptor que controla o crescimento celular. Em mais de 90% dos casos de câncer de pâncreas, esse gene está mutado, o que trava o interruptor de crescimento na posição “ligado” e estimula o crescimento celular descontrolado.

  1. Dieta

A dieta afeta o pâncreas de diversas maneiras. O consumo excessivo de gordura saturada, carne processada ou carboidratos refinados aumenta o risco de problemas pancreáticos.

Uma das principais causas de pancreatite aguda são os cálculos biliares. Os cálculos biliares podem bloquear o ducto biliar e aprisionar enzimas digestivas dentro do pâncreas. Quando as enzimas se acumulam, começam a danificar o órgão. A dieta contribui para a formação de cálculos biliares porque níveis elevados de colesterol tornam a bile mais propensa a formar pedras.

Outro tipo de gordura no sangue são os triglicerídeos. Quando os triglicerídeos atingem níveis muito altos, grandes partículas de gordura conhecidas como quilomícrons podem obstruir pequenos vasos sanguíneos no pâncreas. Isso reduz o suprimento de oxigênio e desencadeia a liberação de ácidos graxos nocivos que irritam o tecido pancreático.

Picos frequentes de açúcar no sangue, provenientes de alimentos ricos em açúcar, também sobrecarregam o pâncreas. Aumentos constantes de insulina ao longo do tempo reduzem a sensibilidade à insulina e podem aumentar o risco de câncer de pâncreas.

  1. Obesidade

A obesidade aumenta o risco de pancreatite aguda, pancreatite crônica e câncer de pâncreas. A gordura pode se acumular dentro e ao redor do pâncreas, uma condição chamada esteatose pancreática ou doença pancreática gordurosa não alcoólica. Esse acúmulo pode substituir células saudáveis ​​e enfraquecer o órgão.

O excesso de gordura corporal também aumenta os níveis de moléculas pró-inflamatórias, como TNF-alfa e IL-6, criando uma inflamação prolongada que favorece o crescimento tumoral. A obesidade prejudica a sensibilidade à insulina e os sinais hormonais do tecido adiposo. Cálculos biliares são mais comuns em pessoas obesas e podem aumentar o risco de pancreatite.

  1. Inatividade Física

Um estilo de vida sedentário agrava a resistência à insulina e força o pâncreas a produzir mais insulina. Sem atividade para ajudar os músculos a absorver glicose, o pâncreas permanece sob constante estresse. Esse estresse metabólico aumenta a suscetibilidade ao diabetes e ao câncer de pâncreas.

A atividade física pode reduzir o risco de câncer de pâncreas direta e indiretamente. Ela fortalece o sistema imunológico, melhora a saúde celular, reduz a obesidade e diminui o risco de diabetes tipo 2. A movimentação regular fortalece as defesas antioxidantes e aumenta a atividade das células imunológicas que combatem doenças.

O câncer de pâncreas pode levar ao diabetes, pois um pâncreas danificado não consegue produzir insulina suficiente. O diabetes pode aumentar o risco de câncer de pâncreas.

Recomenda-se que adultos incluam treinamento de força pelo menos duas vezes por semana e busquem atingir 150 minutos de atividade moderada ou 75 minutos de atividade vigorosa por semana.

Como as doenças pancreáticas podem ser fatais, é importante reconhecer os sintomas precocemente. Procure orientação médica se tiver dor abdominal persistente, perda de peso inexplicável, perda de apetite, náuseas ou vômitos que não melhoram, icterícia, fezes oleosas ou com odor fétido ou fadiga crônica.

Muitos fatores de risco são modificáveis. Limitar o consumo de álcool, parar de fumar, ter uma dieta rica em frutas, verduras e grãos integrais e praticar atividade física são medidas que reduzem a probabilidade de doenças pancreáticas. Mesmo pequenas mudanças, como optar por proteínas vegetais ou diminuir o consumo de bebidas açucaradas, ajudam a aliviar a sobrecarga desse órgão vital.

Ao entender como o pâncreas é danificado e ao perceber os sintomas precocemente, você pode tomar medidas simples para protegê-lo. Cuide do seu pâncreas e ele cuidará de você.

*Dipa Kamdar é professora Sênior de Prática Farmacêutica na Universidade de Kingston. Ela não trabalha para, não presta consultoria, não possui ações nem recebe financiamento de nenhuma empresa ou organização que possa se beneficiar deste artigo, e não divulgou nenhuma afiliação relevante além de sua posição acadêmica.

*Este artigo foi republicado do The Conversation sob uma licença Creative Commons.