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Quais problemas podem acometer os pés à medida que se envelhece?
08/07/2023 às 10:48
Pés funcionam para estabilizar o corpo e alavancar a locomoção. Portanto, são partes usadas o tempo todo e, à medida que envelhecemos, tornam-se muito mais suscetíveis a modificações estruturais e problemas, em decorrência tanto de fatores diretos (traumas, falta de cuidados, desgastes), como indiretos (disfunções metabólicas, má circulação, sedentarismo, obesidade.
Para o idoso, essas situações contribuem para a diminuição da mobilidade e para uma série de outros prejuízos a nível psíquico e social. Daí a necessidade do acompanhamento médico, que pode ajudar com orientação e prevenção das condições listadas a seguir, bem como indicação de especialistas e na recuperação da funcionalidade dos pés e melhora da qualidade de vida.
Veja quais problemas podem atingir os pés com o passar dos anos e prevenções e tratamentos:
Micose- Seu aparecimento pode ter relação com o envelhecimento imunológico, daí o organismo não consegue combater com tanta eficácia os fungos que se alojam sob as unhas. Pessoas mais velhas também tendem a ter a pele mais ressecada e frágil, o que facilita lesões e infecções, e se tiverem dificuldade em secar os pés após o banho, os fungos, com a umidade, se proliferam.
Como cuidar: Uso de medicamentos orais e locais,pomada e sprays antifúngicos. Medidas básicas de higiene, como lavar os pés com água e sabão, secá-los adequadamente, usar chinelos em locais públicos, trocar meias suadas e procurar um podólogo, também previnem micoses.
Joanete- Anos e anos de uso de sapatos apertados, com ponta fina e salto alto podem ocasionar essa deformidade, que consiste em um inchaço ósseo na lateral do pé, bem na articulação na base do dedão. Com sua formação, a área fica inflamada, dolorida, rígida e pode predispor desvio do eixo do tornozelo, gerando sobrecarga, instabilidade no pisar, além de artrite e lesões nervosas.
Como cuidar: Quem tem joanete deve priorizar sapatos mais largos e menos apertados e evitar os que causam desconforto nos pés e pioram a condição. Para evitar a progressão e aliviar sintomas são recomendados ainda medicamentos, protetores ortopédicos, palmilhas e talas.
Rachaduras-Na terceira idade, ocorre uma diminuição das glândulas sebáceas e sudoríparas, o que torna a pele mais fina e ressecada. Nos pés, a desidratação, somada à pressão do peso do corpo no caminhar, pode levar a rachaduras, sobretudo nos calcanhares. Excesso de sol, tabagismo e falta de cuidados agravam o problema, podendo gerar hipersensibilidade e sangramentos.
Como cuidar: Pés rachados requerem cremes hidratantes específicos, inclusive que promovam cicatrização, e cuidados contínuos, evitando o uso de lixas e novas fissuras e lesões. Para não sobrecarregar os pés e gerar atrito, perca peso e use calçados forrados, acolchoados e flexíveis.
Calosidades– Áreas endurecidas e, às vezes, amareladas, na pele, que acabou tornando-se espessa e saliente em resposta a atrito, pressão ou traumas repetitivos, os calos geralmente são assintomáticos, mas, quando profundos e muito endurecidos, podem causar dor, ardência local e vermelhidão. Geralmente, os locais acometidos por eles são calcanhares e proeminências ósseas de dedos.
Como cuidar: Com tendência a desenvolver calosidades, ainda mais dolorosas, é necessário procurar um podólogo. Calos costumam ser removidos sem grandes dificuldades, mas podem ser mantidos, desde que não prejudiquem os pés e sejam feitas correções para evitar novos.
Dedos dobrados-Também conhecidos como dedos em garra ou martelo, são dedos do pé que adquirem uma dobra anormal, em decorrência de uma deformidade progressiva, que pode ter como causas o avançar da idade ou distúrbios e patologias prevalentes nessa fase, como diabetes e artrite. Envergados, os dedos acabam esfregando contra calçados, causando dores, caroços e lesões.
Como cuidar: Usar protetores nos dedos dobrados, a fim de evitar atrito contra calçados, que também devem ser confortáveis e largos para evitar qualquer irritação de pele ou ferida aberta nesses dedos. Dedos flexíveis podem ser alongados, mas, muito rígidos, podem exigir cirurgia.
Unhas grossas-Lesões repetitivas, como por calçados de tamanho inadequado, além de doenças, como a psoríase, geram a onicogrifose, que é comum entre pessoas mais velhas. Trata-se de uma distrofia em que a unha, na maioria das vezes do dedão do pé, engrossa e adquire uma aparência extremamente curvada, de gancho, ou chifre, causando dor, infecções e coceira.
Como cuidar: Eliminar o excesso de pressão sobre a unha e que causa o problema. De início, a abordagem é conservadora e envolve ainda o uso de instrumentos, como brocas e cortadores apropriados. Mas, em fases avançadas e complicadas, pode ser necessária a remoção da unha.
Diabetes- O diabetes, apontado pelo Ministério da Saúde como mais prevalente entre adultos com 65 anos ou mais no Brasil, causa muitas alterações no corpo, incluindo os pés, que se tiverem seus nervos atingidos podem perder a sensibilidade. O diabetes também pode provocar má circulação nos pés, formar úlceras difíceis de curar e infecções que levam à sua amputação.
Como cuidar: É preciso manter o diabetes sob controle com medicamentos, alimentação saudável, atividades físicas e visitas regulares ao médico. Quando a doença atinge os pés, estes devem ser mantidos confortáveis, calçados e protegidos contra lesões, limpos e hidratados.
Dor ciática-O nervo ciático, que desce por uma ou ambas as pernas a partir da lombar, e suas raízes nervosas, quando pinçados, inflamados ou lesionados, geram a dor ciática, que pode irradiar-se até o pé e causar nele dormência ou fraqueza. O problema costuma ser muito comum entre idosos, pois, com a idade, a coluna acaba sofrendo desgastes que comprometem a postura.
Como cuidar: Quando dor e outras sensações não desaparecem sozinhas, pode-se tentar alguns métodos de alívio, como aplicação de compressas, uso de medicamentos específicos para nervos, fisioterapia, exercícios de fortalecimento e alongamento e, em último caso, cirurgia.
Fascite plantar-Encurtamento ou contratura dos músculos da panturrilha e da fáscia plantar, uma membrana conjuntiva que liga a musculatura da sola do pé com os ossos, são fatores para essa condição dolorosa, que pode ser agravada por um estilo de vida sedentário, uso prolongado de calçados de salto ou rasteiros, obesidade, artrite e perda da gordura que amortece a parte subcalcânea.
Como cuidar: Para dar cabo da dor, rigidez e queimação na fáscia dos pés, vale investir em alongamento, fisioterapia, ondas de choque e uso de palmilhas. A pessoa também deve dar passos menores, buscar perder peso e evitar andar descalça, principalmente em pisos duros.
Esporão do calcâneo: Mais frequente em pessoas a partir da meia idade, obesas, com pés planos e em quem tem artrite reumatoide, osteoartrite ou gota, é caracterizado por um crescimento ósseo anormal na parte inferior do calcanhar. Quando manifesta sintomas, o principal costuma ser uma dor forte local, que melhora com repouso e piora com o caminhar, podendo impedir de se ficar em pé.
Como cuidar: Repouso, compressas de gelo, elevação do membro afetado, uso de palmilhas ortopédicas e medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios são úteis para o controle dos sintomas. Ultrassom terapêutico, alongamentos e massagens locais também são indicados.
Dicas extras para pés de idosos:Idosos devem usar calçados forrados, flexíveis, confortáveis e fáceis de calçar e caminhar. Para experimentar sapatos, melhor que os comprem em lojas físicas do que pela internet; Meias sem costuras ou elásticos evitam prender a circulação em dedos e tornozelos; São indicadas visitas regulares ao geriatra e ao podólogo, para inspeção e cuidados dos pés; Pés, em especial a região dos calcanhares, necessitam de hidratação diária, Pés devem ser lavados com água e sabão e depois bem secados, sobretudo entre os dedos; Unhas devem ser mantidas sempre aparadas, limpas e cortadas sem retirar as cutículas; Idosos com dificuldade para alcançar os pés podem secá-los com secador em modo frio.
Fontes: Michele Macario, mestre em biologia de fungos pela UFP (Universidade Federal de Pernambuco); Márcio de Castro Ferreira, ortopedista do HCor (Hospital do Coração), em São Paulo; Natan Chehter, geriatra membro da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia) e do Hospital Estadual Mário Covas (SP); e Paula Silva, dermatologista do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.