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Roupas de brechó podem transmitir doenças? Microbiologista explica
06/12/2024 às 16:42
Adquirir roupas de brechó pode ser uma prática sustentável e econômica, mas é fundamental ter atenção à higienização dessas peças antes de usá-las. Segundo a professora associada de Microbiologia Clínica Primrose Freestone, da Universidade de Leicester, na Inglaterra, roupas de segunda mão podem abrigar microrganismos potencialmente prejudiciais à saúde.
Os riscos ocultos nas roupas de brechó
Ao entrar em contato com a pele, as roupas carregam micróbios do microbioma humano – a coleção de bactérias, fungos e vírus que vivem naturalmente na superfície da pele. “Cada peça de roupa que usamos entra em contato direto com esses micróbios”, explica Freestone. Embora inofensivos para quem os produz, esses microrganismos podem se tornar agentes infecciosos ao serem transferidos para outra pessoa.
Roupas usadas podem abrigar bactérias como Staphylococcus aureus, que causa infecções na pele e no sangue, e fungos como a Candida, responsáveis por aftas. Além disso, estudos revelaram a presença de patógenos como Salmonella, E. coli, vírus como norovírus e rotavírus (causadores de febre, vômito e diarreia), além de parasitas como os que provocam sarna e dermatite.
Pesquisas específicas sobre roupas de brechó no Paquistão identificaram a presença de Bacillus subtilus e Staphylococcus aureus em várias amostras, demonstrando que peças inadequadamente higienizadas podem representar risco de infecções graves.
Quanto tempo os germes sobrevivem?
A sobrevivência dos microrganismos nas roupas depende do tecido e das condições de armazenamento. Por exemplo:
Roupas de algodão ou fibras mistas: germes podem sobreviver por até 90 dias em temperatura ambiente. Tecidos de poliéster: micróbios podem persistir por até 200 dias, especialmente em ambientes úmidos.
Áreas da pele naturalmente úmidas, como axilas, pés e regiões íntimas, tendem a contaminar mais as roupas. Além disso, resíduos de fluidos corporais e restos de alimentos podem servir como nutrientes para o crescimento de bactérias e fungos.
Como higienizar roupas de brechó
Felizmente, com cuidados adequados, é possível eliminar a maioria dos agentes patogênicos presentes nas roupas de segunda mão. A microbiologista Primrose Freestone recomenda:
Lavar as roupas com detergente em água a 60°C: essa temperatura é eficaz para remover germes e inativar patógenos. Usar desinfetantes para roupas: caso a lavagem em alta temperatura não seja possível. Separar as roupas inicialmente: lave as peças de brechó separadas das demais para evitar contaminação cruzada. Molho em água quente com detergente antibacteriano: deixar as roupas de molho por 2 a 3 horas antes da lavagem elimina a maioria dos patógenos. Secagem em alta temperatura ou ferro a vapor: complementar a lavagem com secagem quente ou passar as peças em temperaturas próximas a 60°C ajuda a garantir a eliminação de microrganismos. Cuidados redobrados para grupos de risco
Embora o risco de contrair uma doença a partir de roupas de brechó não seja facilmente mensurável, pessoas imunocomprometidas devem ter cuidados extras, já que estão mais vulneráveis a infecções.
Além disso, Freestone alerta que “provavelmente, também é uma boa ideia lavar todas as roupas novas que você comprar antes de usá-las”, já que mesmo peças nunca utilizadas podem conter resíduos ou germes adquiridos durante o manuseio e transporte.
Conclusão
Roupas de brechó são uma alternativa prática e sustentável, mas sua higienização é imprescindível para evitar riscos à saúde. Com procedimentos simples como lavagem adequada e desinfecção, é possível desfrutar de suas novas aquisições de segunda mão com tranquilidade.
Fonte: BossaNews Brasil